domingo, 23 de junho de 2013

Um dia de domingo.

Comecei o dia depois do meio-dia. Acordei e ouvi o som da TV, fazia muito tempo que a TV não era ligada, achei que tinha parado de funcionar. O som baixinho era a voz de uma mulher que falava sobre o tempo. Sempre gostei de ver a previsão do tempo, mas não para saber sobre o tempo, nunca guiei meus passos por conta do tempo. Minha vida é simples e boa, nunca precisei do tempo. Mas gostava de ver as mulheres bonitas falando mentiras sobre o tempo. Tem até um noticiário que elas vão tirando a roupa, e nunca prestei atenção no tempo.
Sinto um cheiro bom que vem do banheiro, cheiro de quem toma banho, e lembro que a Bebel dormiu aqui. E quando a mulher da TV desaparece, a Bebel entra no quarto. Ainda de corpo e cabelos molhados, ela entra pingando no chão, como quem não liga pra essas coisas bobas, pois por conta do calor que faz hoje, em pouco tempo a água vai embora.
Ela senta na cama e me pergunta algo bobo, dormiu bem? Digo que nem lembro de ter dormido. Ela riu e disse que ia à cozinha fazer algum desjejum. Fiquei mais um pouco na cama, só olhei o teto e as teias das aranhas que me faziam companhia. Fui tomar banho.
Bebel era um milagre na cozinha. Fazia qualquer coisa com pouca coisa. E tudo era saboroso. Fez ovos com queijo e um café bem forte e quente. Enquanto a gente comia, ela falava coisas sobre sonhos.
Estava de bermuda, e como não era costume meu, ela perguntou onde ia. Falei que ia comprar cigarro e precisava olhar um pouco ruas vazias, pois era domingo, e dia de domingo as ruas são belamente vazias. Ela me beijo com um beijo de entendimento, sorriu e deitou nua, pronta para tirar um cochilo.
Caminhei um pouco entre ruas que eu conhecia bem, até chegar ao bar. As pessoas assistiam ao futebol sagrado, gritando loucamente. Nunca entendi bem essa coisa de gritar. Pedi uma dose de conhaque e acendi um cigarro, enquanto pensava na Bebel nua que dormia na minha cama e na 'mulher do tempo'.
Vou pra casa, não mais ficar por muito tempo fora de casa. Abro a geladeira, e entre meia cebola e uma garrafa de água pela metade, pelo a vodca, faço uma dose com suco de qualquer coisa e vou pra sala ouvir música baixinha, para não acordar Bebel.
Após alguns discos, poucos até, e vou ao quarto. Vejo-a emaranhada e linda, e ela dorme. Passo um bom tempo olhando e imaginando seus sonhos, o significado de cada mexida, das pernas dobradas, do seu rosto de demônio sonhador. Ela se vira pra mim, e mesmo com os olhos fechados, parece me olhar, um olhar quente e doce. E seu corpo nu falando comigo.
Deito ao lado da Bebel e fecho os olhos. Sentindo seu cheiro e ainda imaginando sonhos. Ela acorda e vira pra mim, começa a me acariciar. Permaneço com os olhos fechados. E lembrando da 'mulher do tempo', dou uma bela trepada com a Bebel, pra depois, beber, dormir e sonhar.

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