sexta-feira, 26 de julho de 2013

A pipa e o pescador.


Os Gatos ouvem melhor que os cães (sons mais agudos), e com erro de 7cm, eles sabem a origem de um som a 1m de distância; suas orelhas se mexem de forma individual, coisa que muito ser humano tenta idiotamente fazer; enterram a própria merda; uma fêmea pode ter filhos de pais diferentes numa mesma ninhada; tem um fantástico senso de equilíbrio, quase sempre caem no chão com as quatro patas apoiando; sua velhice é rápida, envelhecem e morrem, não ficam por aí zanzando feito velhos cagões tomando viagra e vestindo baby look.
São curiosos, mas discretos. Quando percebem algo diferente, uma caixa, por exemplo. Eles querem saber o que é, e silenciosamente, rodam o objeto, cheiram, ouvem, e saem. 
Eles não fazem festa com o dono, como também não ligam muito para os estranhos, diferente dos cachorros loucos, que só faltam morrer quando o dono chega em casa, ou ficam putinhos quando alguém estranho aparece. E para chamar atenção, um miado miúdo, delicado, ou um simples carinho roçando seu corpo com pelos pequenos entre as pernas.
Estão presentes em desenhos animados, livros, contos, na História, em muita coisa, são até adorados por idiotas.
São simples, discretos, quietos, como muita coisa deveria ser.
Mas não há perfeição, e estamos aqui para reclamar, eles não tomam banho e lambem o próprio cu.

Foto: Na praça Mario Lago, que antes era Melvin Jones, e popularmente conhecida como Buraco do Lume. Centro/RJ, em dia santo que não é "útil", mas é dos melhores.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fui ali e não volto.


Caminhar, e só.
Sentir cheiro de rua
Ouvir almas assombradas
Borbulhar ansiedade
Penar coisas do mundo
Enquanto gatos lambem o próprio cu
Cantando para seduzir sardinhas.
Duas vias
Uma é asfalto
Outra linha do trem
De cada uma vem um som.
As pessoas passam
Sem olhar lado, frente ou...
Vão embora
Para onde?
E quem não tem piscina
Sente vontade de pular dentro
Pula, e descobre
Piscina é coisa rasa
Para caber tudo que é vontade.

Foto: Passarela entre a estação do metrô e o Maracanã.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O mundo e o deus, o deus é o mundo.



Do telhado vi o mundo. O mundo é novo, é velho, é louco. Cheio de tanta coisa que enche uma casa vazia. Um teto em cima d'um chão que é sozinho, sem sofá, cama ou um travesseiro sujo. Um cara catava latinhas para vender, e um cachorro olhava pra sua cara suja, e os dois fediam, enquanto os gatos comem peixes, e peixes comem ração. Em qualquer hora, algum se rende e morre. Todos morrem. Meninos e meninas passeiam em ruas alegres, eles são alegres demais, e falsos também. Mas é bom ser falso enquanto a gente come bem e viaja. O menino banguelo que rir do mundo, vai crescer e continuar rindo, mas rindo para o mundo. E o seu riso banguelo se transforma num riso cariado de um adulto triste. No mundo há de tudo. Tristeza, gozo, vida e medo da morte. E se existe um deus, o nome dele é mundo, que durante o dia esquenta ao sol, e a noite, a lua esfria.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O cheiro de uma mulher.

Dia de cão, de trabalho e trabalho, e para piorar, um curso/palestra pós almoço. Mas nem tudo está perdido, no intervalo do café amargo e sagrado, encontro Paula. Um abraço apertado, daquele que os corpos quase que formam um só, e com direito à velha e boa fungada no cangote, digo que senti saudade do cheiro da pequena. Comento sobre o cheiro, ela diz que mudou de perfume, mas não falei de perfume, e sim do cheiro da Paula. Ela sorrio e comentou sobre o ar condicionado não funcionar bem na sala. No que me veio à mente uma frase, que não lembro se é do Tio Nelson, mais ou menos assim: "a melhor hora para cheirar uma mulher é por volta das quatro da tarde, o perfume que ela usou pela manhã começa a dar lugar ao suor do dia de labuta, ficando aquela mistura gostosa."

Me sinto obrigado a discordar. Por razões óbvias, que vão da teoria à prática, que vale dizer não é de hoje. A melhor hora para cheirar uma mulher é pela manhã, de preferência ainda na cama, antes dela ter qualquer contato maior com o mundo, com a casa. O cheiro entre lençóis e fronhas, no quarto escuro, com uma cara de preguiça e um bico de dengo pedindo um carinho, não há narina que resista e mão que não toque. É algo tão puro e gostoso como um copo de café. Me arrisco a dizer que uma das coisas mais lindas da natureza é uma mulher quando acorda. Até mesmo quando com raiva.

E se na noite anterior aconteceu brincadeiras de amor e suor, e ela sabiamente apenas passou água entre as pernas antes de dormir, muito melhor. O cheiro do suor resvalando e incensando o quarto, o cabelo lindamente assanhado, os olhos cheios de tesão e a cabeça lembrando do banho de gato. Ela rir um riso safado e se deixa levar. Vai abrindo espaço, e ainda sonhando, aos poucos desperta, fogosa, safada... Se entregando ao jogo, do jeito que o homem gosta. E aí amigo velho, acontece uma boa trepada, depois um banho, e se bobear, você ainda ganha café na cama.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Às crianças na praia.



Gosto de entrar dentro do Mar com roupa e tudo, e quando estou fora fico brincando na areia e esperando onda. É um barato se melar na areia com água de sal. Coisas do Mar, ou de amar? Porra nenhuma de amar. A calma mentirosa que vem do Mar não vem de lugar nenhum, e onda não me apavora. Gosto do Mar do jeito dele, alegre e violento, que salta por cima de mim e me suja toda. Fico meio de lama, em lama, e gosto da lama. E lá vou de novo entrar no Mar, esse moço que tanto devoro e ele não me decifra. Velho Mar que não sabe quase nada mim, só o que digo, e sei algumas coisas do Mar, mas não deixo ele saber muito de mim, apenas pouco de mim, quase nada de mim, Mar, só o necessário para você existir.