sábado, 31 de agosto de 2013

A bicicleta.

Outro dia aí li uma notícia sobre a capital da Dinamarca que carrega o menor índice de congestionamento mundial, e mesmo assim anda ousando e pretende adaptar suas vias, para que pelo menos 50% da população vá ao trabalho de bicicleta. Uma ideia muito legal, perfeita, digna de  louvor! A cidade não enfrenta tanto de congestionamento, mas já anda pensando numa maneira de diminuir o pouco que há.
Ando de ônibus há mais ou menos há vinte anos, quase sempre lotados, mas nunca reclamei por isso, pois pior que isso, é o que acontece dentro deles, e hoje, além de outras coisas, o celular toca a lenga-lenga de mensagens, e ainda mais, os humanos tricotando digitalmente o seu smartphone, é lenha.
Mas adoraria ir para o trabalho de bicicleta, o problema é tentar não ser atropelado por um solitário-apressado em seu automóvel.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Antônio.


Há muito que não me encontrava com o Antônio, e não é que outro dia almoçamos e depois caminhamos um pouco e aportamos nossas mazelas em cima de um viaduto solitário, mas muito bonito.
É engraçado falar com ele, e dele, pois carrega em suas costas finas e tortas, o nome com acento, coisa que sempre confundem. Uns acham que ele sou eu, outros o contrário.
Pousamos num ponto de uma grade e fitamos uma bicicleta enquanto ele falava coisas sobre "ismos". Uma mania chata que carrega, sempre falando das coisas do derredor e etc, o Antônio filho da puta questionador.
Tomamos um pouco de ar na volta à labuta, e seguimos até pouco depois das seis. Ele foi pra lá de num sei de onde, e eu corri pra cá fugindo e carregando certos medos, encarei minha infeliz miséria.

domingo, 25 de agosto de 2013

Cátia, eu e uma caneca de chopp.


Tenho saído muito pouco, descobri que o mundo lá fora é violento e chato demais. O que faz de mim quase um eremita misantrópico. E não falo aqui da violência do bandido, assaltante ou coisa parecida, mas de pessoas mal educadas, do trânsito caótico, dos lugares lotados com seus banheiros sujos e suas músicas altas e sem graça...
Mas há sempre exceções, e digo que ultimamente estão cada vezes mais raras, quase milagres. Ontem foi noite que um aconteceu. Convidado por minha irmã, fui conhecer um bar na Tijuca que fica na Rua Conde de Bonfim, em frente ao Centro Municipal de Referência da Música Carioca, chama-se Bar Garibaldo. O lugar é pequeno; música em volume baixo; banheiro limpo; não é lotado e os pedidos são atendidos rapidamente sob o olhar do dono que fica no balcão, quando não está na calçada fumando. E a especialidade de lá? cerveja. Aleluia!
E não foi só a cerveja que embalou a noite, mas tive uma grata surpresa. Vi um cartaz afixado próximo ao balcão: Show da Cátia de França - sábado (24/08) às 19:00hrs no Centro Municipal de Referência da Música Carioca. Que legal. A Cátia de França ali na minha frente. Como as horas eram adiantadas, nem pensei em ir ao show, já estava por acabar. Resolvi ficar com minha caneca nas mãos, pensando nas músicas da Cátia.
Fui até a calçada fumar um cigarro e receber uma aula sobre cerveja, gentilmente dada pelo dono do Garibaldo, e no meio do papo ele pede licença para atender um grupo de 5 pessoas que tinha chegado. Não pude me furtar de passar a vista no grupo, e lá estava ela no meio, pequenina e sorridente, Cátia de França.
Voltei à mesa e comentei sobre, acabei meu chopp e fui até lá cumprimenta-la. Algo que nunca fiz, tanto pela minha timidez, como pelo fato de imaginar que é um saco ser incomodado por fã. Lembrei até de uma vez que peguei um avião com Alceu Valença, e na minha mochila, eu carregada 4 discos dele, e nem fui lá para ele autografá-los. Mas dei vários descontos por conta do chopp que falava mais alto, pelo local que era calmo e pequeno, tudo estava tranquilo.
Ela como minha conterrânea carrega um sotaque fortíssimo e cheio do falar nordestino. Elogiei seu trabalho e comentei da música "A gente tinha combinado", que ela gravou com um amigo meu de João Pessoa, o Déo Nunes, ela sorrio muito enquanto cantarolava a letra. Também recordei de um show que eu fui e o Xangai (que foi parceiro dela) cantou Kukukaya.
E terminamos nosso encontro quando falei: "Eu quero um amor, faceiro e dengoso, que tenha sede de outros caminhos" - da letra de "A gente tinha combinado" Cátia de França.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O viver.

Quilos de chumbo
Feitos de algodão
Pois boa parte de tudo
É fábrica de sonhos infantis
Ilusão.

domingo, 18 de agosto de 2013

Um choro de menino


Era um menino
e seus olhos de pedinte
banhavam o rosto
em lágrimas de mentira.

O banheiro e Catarina.



Sempre que me vem a mente um banheiro é inevitável lembrar da menina Catarina. Pessoa minha que fala de banheiros e em... e fica por lá, um tempo maior que o normal.

Por conta de uma janela grande e bonita, ela tomou posse do meu. Foi meio fatal não se deixar demorar por qualquer outra coisa. E lá dentro, o seu tempo passava lento e doce, enquanto ela olhava o céu e ouvia o barulho dos vizinhos pulando na piscina e contando mentiras, bebendo cerveja, as vezes se perde um pouco... Me dizia: "é melhor que ler qualquer bula, embalagem de shampoo ou fazer palavras cruzadas".

Depois da noite mal dormida, acordei meio perdido, e enquanto procurava Catarina na cama, me vi sozinho no meio dos lençóis. Não demorou muito para perceber que ela estava no banheiro. Sem medidas de nada entrei, já que a porta estava destrancada e ouvia a Catarina cantar feito canário lindo.

Ela me olhou como quem tem fome e fita um prato de comida. Cheia de vontades, me abraçou forte e mergulhamos no silêncio de um chuveiro de água fria, caindo no chão e curtindo nossos corpos, com a pele mole de tesão.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sopro de vida e morte.


O sopro é prelúdio para fogueira
E dela vem fogo.
Pode ser, 
Um tanto para acabar certo mal
Outro tanto para acender belo bem.
Coisas de morte e de vida,
Que sempre vem.

Você em mim.

Lembro dos detalhes mínimos, de quando te senti toda minha. Braços, pernas, axilas, pescoço, pés, as ancas sustentando tua cintura fina, e coxas onde fiquei tanto tempo, só não mais que na tua barriga e seios, até chegar no teu meio e gozar contigo.
E no banho, você sentiu vontade de tomar um copo de vinho, prontamente providenciei, enquanto molhava o quarto, a casa, mas você não reclamou. E depois de quase duas garrafas de vinho, encharcamos lençóis, travesseiros, e dormimos como dois vadios.
Acordei com teu cheiro invadindo até pensamentos, e mais. Lá fora o mundo corre loucamente, e eu aqui fujo pra dentro de você.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Eu, voce, e vamos foder.


E a gente rir quando se encontra sem querer. Gosto do teu sorriso, é quase sempre vento abanando meus pensamentos mais tortos, e você bem sabe disso. Sabe aquele dia que a gente transou numa padaria...? Sentimos o cheiro do pão e você me pedia para gozar. Eu te comendo e pensando na porra do pão! Mas gozei em você deliciosamente e você gritava coisas sobre astronautas. A gente se refez em coisa, só eu e você, e depois não se falou a palavra amor. E fomos tomar banho na fonte, que só a gente sabe onde fica, e onde mora o que se chama, erroneamente, amor.

Foto: No dia que a gente viu o sol se por.

Camisa de Vênus na minha adolescência.


Final dos anos 80, inicio dos 90, lá estava eu no meio da rua em tardes de sábado. Lembro bem que o Guilherme lavava e passava o voyage da sua tia, D. Creusa, para depois de polido, chegava boa hora de por cheiros e mais cheiros, pois logo mais as meninas entrariam no carango para passear com ele. E entre uma flanelada e outra ouvíamos música, muita música. No meio de tantas, uma das minhas bandas preferidas era Camisa de Vênus. Ouvi muito Silvia, Gotham City, Solução Final, e por aí vai... Era muito legal ouvir tanta música e ver o Guilherme empolgado, já pensando na noitada que quase sempre era regada por bebida, música e um par de pernas.

domingo, 4 de agosto de 2013

Correr pra lugar nenhum


Pessoas correm para pegar ônibus em agonia, mas piora quando é para atravessar ruas. Tanta pressa para pouca coisa. Outro dia caminhava e alguém passou por mim correndo, ia pegar o mesmo ônibus que eu. Pensei em apagar o cigarro e subir junto, mas vi que ele ainda estava na metade, e não valia a pena. Como quase sempre, não vale.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Abelha no pensamento

Uma abelha na minha mente
Ela procurava flores
Seu ferrão não doía
E ela morreu com a língua seca
Enquanto procurava flores.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Na rua, à rua.


Livre, leve, solta e louca, é a rua. Na rua se vive, deixa viver e ver.
Não é peça boba, é vida. Coisa que se pega, cheira, mastiga, engole e cospe.
Nem bonita, nem feia, nem nada dessa merda toda, só o odor pairando.
Rua é bom e basta de graça.

Foto: Meninas e menino na Cinelândia, numa sexta-feira, que não era treze nem nada.