sábado, 28 de dezembro de 2013

O sono justo, o justo sono.

Dormi por sei lá quanto tempo, quando acordei me senti leve, sem saber onde estava, muito menos a data, se era tarde ou cedo para alguma coisa... O quarto era feito de silêncio e escuridão, e não quis levantar de pronto, passei bons minutos só olhando o teto sujo, imaginando o ventilador soltando mosquitos pelas pás. Senti um cheiro forte, não sei se estava no quarto ou morava na minha imaginação. Era algo meio agridoce, coisa que a gente não consegue definir com palavras bobas, só se sabe quando ele entra pelas narinas e invade o pulmão sem pedir licença. E num repente de realidade, senti teus pés entre o lençol que nos separava e os meus pés cansados. Só assim despertei da minha viagem, e outra vez trepamos, feito dois anjos no meio de um paraíso, feito em nosso quarto. E depois nos agarramos ao sono da preguiça gostosa, aquela que só a gente conhece.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Então é natal, pegue no meu pau.


Ouvi passarinho cantando, e o dia amanhecia, mas isso não é poesia. Porra de poesia! Quem só faz poesia fantasia, é punheteiro em demasia.

Foto: duas luzes no dia que Cristo nasceu, ou morreu.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Um fio de cabelo na lembrança.

Outro dia encontrei um fio de cabelo, e não era no paletó. Não uso paletó, só camisa polo ou de botão, daquelas com bolso no lado do coração e sem manga. O fio estava escondido num canto do quarto, meio perdido entre o pó de uma saudade que eu não sabia de onde vinha, e outras coisas. Era preto, bem pretinho, meio comprido, estava comigo por sei lá quanto tempo, e eu não sabia de qual cabeça tinha caído. Tentei sentir algum cheiro, foram tantas lembranças guardadas em memórias boas, daquelas que a gente lembra quando está sozinho tomando um café ou um copo de suco, olhando pessoas desfilando com suas aflições. Tentei mais uma vez encontrar a dona do fio de cabelo, mas mais uma vez me perdi em pensamentos carregados de lembranças suadas. E continuei meio perdido, só me restando imaginar, que o fio caiu sem a gente perceber, e ficou aqui comigo, como lembrança. De quem? Não sei. Será que foi de você?

domingo, 1 de dezembro de 2013

O ônibus.


Ando de ônibus há muito tempo, uns vinte anos, e é muito para eu não gostar. Observo os passageiros, meus colegas de viagem, e conheço alguns, mas creio que eles não me conhecem, pelo menos a maioria. Sei onde trabalham, horário que saem de casa, e se for mulher, até os dias que ela lava o cabelo, pois sinto o cheiro do shampoo. Alguns ouvem música durante toda viagem, e pelo que vejo na tela do Smartphone, sei um pouco do gosto musical, que vai de pagode, passando por algumas FMs até as músicas dos padres modernos. Do mesmo modo que fico mais ou menos conhecido entre os caixas de supermercado, donos de boteco e banca de jornal, uma e outra cobradora, e também o "piloto", me conhecem, isso é por conta d'eu pegar apenas duas linhas, 239 e 247, isso há uns três anos, antes eu só andava na 229. A 229 era muito legal, tinha uma cobradora que nunca possuía troco, e quem pagava com uma nota acima de cinco reais, ela mandava passar e depois dava o troco. Na maioria das vezes, ele fazia isso de sacanagem boa, para tirar onda com os trabalhadores que iam para o trabalho, já cansados, e com os que voltavam para casa, pensando no dia de amanhã. As vezes sinto falta da linha 229, no ponto final, que é no Buraco do Lume, têm um espetinho com cerveja gelada, e eu sempre batia ponto lá.

Foto: Linha 247 - Passeio, Lapa.