domingo, 1 de dezembro de 2013

O ônibus.


Ando de ônibus há muito tempo, uns vinte anos, e é muito para eu não gostar. Observo os passageiros, meus colegas de viagem, e conheço alguns, mas creio que eles não me conhecem, pelo menos a maioria. Sei onde trabalham, horário que saem de casa, e se for mulher, até os dias que ela lava o cabelo, pois sinto o cheiro do shampoo. Alguns ouvem música durante toda viagem, e pelo que vejo na tela do Smartphone, sei um pouco do gosto musical, que vai de pagode, passando por algumas FMs até as músicas dos padres modernos. Do mesmo modo que fico mais ou menos conhecido entre os caixas de supermercado, donos de boteco e banca de jornal, uma e outra cobradora, e também o "piloto", me conhecem, isso é por conta d'eu pegar apenas duas linhas, 239 e 247, isso há uns três anos, antes eu só andava na 229. A 229 era muito legal, tinha uma cobradora que nunca possuía troco, e quem pagava com uma nota acima de cinco reais, ela mandava passar e depois dava o troco. Na maioria das vezes, ele fazia isso de sacanagem boa, para tirar onda com os trabalhadores que iam para o trabalho, já cansados, e com os que voltavam para casa, pensando no dia de amanhã. As vezes sinto falta da linha 229, no ponto final, que é no Buraco do Lume, têm um espetinho com cerveja gelada, e eu sempre batia ponto lá.

Foto: Linha 247 - Passeio, Lapa.

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