sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

a saudade de você

 ontem foi triste, e nem choveu, mas foi muito triste.as coisas andando pra tras, o relógio brincava comigo, e meu pensamento passeava em sonhos distantes. deitei na cama de cabeça pra baixo e quis me virar em alegria, mas eu não conseguia. coloquei um disco na vitrola que cantarolava "tem gente que vai em frente sem nem ter com quem contar", era chico buarque falando coisas. revirei meu coração e pensamentos, enchi um copo de vinho bebi de quase um gole, acendi um cigarro, dei uma boa tragada e meu coração quase parou. pensei que ia morrer, mas veio a saudade nos meus olhos  e essa vontade louca me dizendo, só quero te ver.

domingo, 24 de maio de 2020

os dias não têm cara, e pouco coração.

o despertador não toca tem tempo, acordei sem ele, e isso tem sido há mais de sessenta dias, o foda é que ainda não me aconstumei.

o dia acordou triste e chovia um pouco, fui a cozinha fiz um café bem forte, a chuva aumentou e eu conversava com minha mãe. ela comentou algo interessante, os dias estão sem cara, mas domingo é diferente. concordo com ela. domingo é um dia diferente mesmo.

o sofá estava me convidando a assistir um filme, que já esqueci o nome, e apesar do esquecimento, gostei. um cara sofre um acidente e fica tetraplergico, a família contrata uma menina pra "cuidar" dele por seis meses, e depois ele se mata. o filme é interessante.

fui pra rua querendo mudar meu humor, andei e andei mas morri na praia do bessa, mas antes passei por tambaú e manaíra, e tudo anda triste e vazio. penso que os dias nunca mais serão os mesmos. e nunca foram, nunca serão. todo dia tem um pouco de novidade, e as vezes a gente não sabe lidar com isso, ou quase sempre.

eu continuo aqui, livre, leve e louco, esperando a pandemia passar, que o mundo mude, e nem precisa ser para melhor, mas que seja pelo menos para menos ruim.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

barba, cabelo e bigode.

hoje foi dia de fazer uma faxina na alma, e minha mãe cortou meus cabelos. aproveitando a deixa, fiz a barba.

tudo limpo e etc, tomei um banho, passei na cara uma loção pós barba que eu comprei pro meu avô, ele já foi tem mais de ano, e eu ainda uso a mesma loção. ela cheira a saudade.

ponho uma música na vitrola da saudade e lembro do meu pai entrando em casa cheio de dívidas, e com um coração que cabia o mundo, minha mãe cheia de manias, da minhã irmã correndo no mei da rua com os cabelos galeguinhos arrupiados, meu irmão ouvindo rock no seu escort verde, lembro de tanta coisa...

e lá vou eu caminhando nessa estrada da vida, acostumado com um passado quase legal, um presente que deixa a desejar, e um futuro que vou engolindo todo dia.

sábado, 8 de junho de 2019

a vilma.

a dificil arte de amar. e amar é mesmo uma arte, e pode terminar numa dor, numa entrega não correspondida, as vezes sem medidas, como fez jesus na cruz, e é sua máxima, amar, o amor.

quem ama é capaz de colocar num prato da balança os erros do outro, as idiossincrasias... e no outro prato o peso do amor, vai ver que o amor é maior que os "detalhes tão pequenos".

e não se ama sem saudade. a frase dita por neymar: "saudade daquilo que não vivi", não é saudade, é melancolia, como bem falou alguém que não lembro o nome agora. sinto saudade daquilo que vivi, senti, provei... amei, a saudade é irmã do amor.

quando se ama, seja o que for, seja quem for, sempre há um motivo pra levantar da cama, correr atras, meter a cara (como dizia painho), e chegar no fim do dia e dizer que tudo valeu a pena.

das frases, musicas, poemas, de tudo... dos mais bonitos, todos foram feitos por quem ama, por quem sente uma falta que chega a tirar o ar, a fome, o sono, a vida...

ame, ame muito, muito mesmo. mas comece amando a si mesmo. e não se preocupe com a reciprocidade, pois como bem canta zizi possi: "o amor vem pra cada um".

e que a dor que não sara nunca, seja acalentada pelo amor, e pela saudade eterna daquilo que foi vivido.

em homenagem a vilma,
para nonato e filhos.
meus sentimentos.

domingo, 12 de maio de 2019

dia das mães.

"(...) ser mãe é andar chorando num sorriso (...)"
henrique naximiano coelho neto.

hoje é domingo, o pé não é de cachimbo, e o dia é de ouro. dia das mães, e no final da tarde lá vou eu pras ruas, levar as pessoas pronde elas querem ir.

pelas cinco e tal o sol já dava as costas, e entra no carro: mãe, filho, nora e neto. boa noite e vamos nessa. viagem meio longa, 15 quilometros, e a conversa rolou solta na boca da mulherada. um trecho.

começa a nora:
- enzo, fica quieto!
enzo é danado, não parou quieto a boca, e os pés cutucando meu banco.
- (mãe) esse menino, só jesus. não obedece ninguém, danado demais.
- tô pesando em colocar ele numa creche.
- só vai gastar dinheiro, deixe o bichinho comigo, que coloco ele no lugar.
e enzo nem aí pra conversa, só cantarolava e cutucava meu banco.
- não quero dar trabalho a senhora.
- deixa de besteira, pode dar.
- tá bom, quero ver a senhora aguentar esse menino!
- oxe, num aguentei fulano num sei quantos anos? (falou rindo e batendo nos ombros do filho), e tá ele aí, um homem feito.
- (filho) é foda, falando de mim na minha frente.
- você era muito danado, só aprumou quando conheceu fulana. cansei de me preocupar com você, fulano.
- tá bom mainha, deixa de coisa.
(...)

quem vai saber se enzo fará jus ao ditado: menino criado pela vó, ou se vai pra creche? só deus sabe.

e hoje, mas não só hoje, dou um viva as mães, todas. e as avós que são mães duas vezes, e a tia mãe? pai que é mãe, pãe. eposa mãe do marido, namorada mãe, irmã, irmão. mães. ser mãe não é fácil, é realmente "andar chorando num sorriso".

feliz dia das mães.

um ps:

ela canta pra dormir
e gritar pra acordar
te pergunta, tudo bem?
ou se pode melhorar.
cheia de mania e coisa
é assim pra gente amar
ela toda, e até imperfeita
sem nada por e tirar.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

é neguinho, e hoje ele veio de uber.

domingo é um dia bom, abençoado por deus, e quase sempre bonito. para muitos o dia de ir a igreja, para outros tantos, comer, beber e sorrir. e lá vamos nós, quando não fazemos um churrasco em casa, catamos no whatsapp alguém disponível. e ontem foi gabriel de carleuza: novo, vem pra cá, tô na casa de mamãe com thiago e keko. e lá fui eu.

cheguei quase fim de tarde, beijos e abraços, rafael dormia solenemente numa rede, e caiga jazia na cama, de pernas pro ar, todo enrolado feito um embuá. carleuza estava na rua, na casa de uma amiga, e camila, esposa de gabriel, assistindo uma aula, ou coisa parecida.

cerveja vai e vem, feito um saco de fandangos no meio do terraço, de repente chega camila (esposa de gabriel), entra ligeiro, e vai logo falando: gabriel, ajeita as coisas pra gente ir embora... gabriel pula da rede, quase derrubando rafael, e acompanha sua companheira pra dentro de casa. volta, e feito o anjo de bigode anuncia, o que a gente já sabia: camila tá com raiva.

a origem da raiva, até então ninguém sabia, e o quarteto se olhando, tenta imaginar. conclusão: fome! keko e thiago tinham comido um saco de fandangos, que tanto queria camila, que camila queria tanto. gabriel argumenta infalivelmente: peraí que mamãe ta chegando, ela vai fazer a janta. e ela espera com a paciência de jó, e uma fome de leão. bebeu um copo d'água e foi cuidar do menino.

deu vontade de pitar, e abri o portão, vindo o trio em meu encalço. o sol indo embora, e thiago comenta: o por-do-sol aqui no 13 de maio é bonito demais, olhem aquela nuvem, bem retinha, nisso chega carleuza, estaciona o carro e vai logo dizendo: vou ajeitar uma janta pra vocês. dez mintos começa o cheiro, em trinta, macarronada! o cheiro sendo embalado pelo barulho dos talheres acorda caiga, que sai do quarto tateando as paredes, chega na sala e diz: oxe, vocês estão aqui? e abre um sorriso que mais parece um abraço.

todo mundo comeu bem, camila fez até o suco, e já mostrava os dentes da felicidade e fome saciada. conversa vai e vem, a gente espera keko terminar o prato, pense num caba que come devagar. volto eu pra rua, abro o portão, e os cachorros não param de latir. acendo um cigarro e quando olho em volta, tá todo mundo comigo, menos caiga, que foi jantar.

a conversa rolava e o riso era fácil. de repente aparece na rua, neguinho, que nem é tão nego assim. chega logo pedindo um cigarro, dei dois. depois de meia hora ele consegue acender com a ajuda de carleuza, olha pra mim, vira pra carleuza e pergunta: é isnaldo? lá de dentro caiga ouve o burburinho, e depois de jantar, vai se chegando ainda com cara de sono.

neguinho conta que parou de beber, só tinha tomado duas. e seu corpo não ficava quieto, balançando pra lá e pra cá. thiago logo começa a chamar neguinho de sismógrafo.

as badaladas do tempo já anunciavam a hora de ir embora, e neguinho se ofereceu pra ir com a gente. caiga disse pra ele descer a rita miranda sendo aparado pelos muros, o que foi logo negado por thiago: não, eu deixo neguinho. e lá fomos nós, eu, keko e thiago, deixar neguinho em casa.

ladeira abaixo, chegamos na escadaria, neguinho disse pra entrar na outra rua, mas nem que thiago quisesse entrar escadaria abaixo, dava. ninguém desceria aquela escadaria de carro, salvo fosse tio alfredo.

chegamos na rua de neguinho, em um ponto que não passava mais carro, thiago parou e disse: pronto neguinho, chegamos, não posso passar daqui. abriu as portas e neguinho começou a tentar sair do carro. e a rua estava animada, o pessoal nas calçadas curtindo o resto de noite dominical, quando lá da frente alguém grita: quem é que tá aí no carro? é neguinho? é neguinho? e thiago responde: é neguinho, e hoje ele veio de uber.

sexta-feira, 8 de março de 2019

oito de março de dois mile dezenove.

é latinha.

ela tinha. começando assim fica feio, é a tal cacofonia, até a palavra é feia.

mas a bem da verdade, é que ela tinha mesmo. como frasearam os poetas, ela tinha de tudo, era uma baiana que tudo tem, ou tinha. deus e o mundo perguntava: o que ela não tem? feito a feira de mangaio, do saudoso sivuca, ela era a clara nunes cantando, e de tudo tinha, e tem.

é mãe (sempre), irmã, prima caçula, uma vó perfumada, vizinha faladeira, uma tia, a amiga derradeira, aquela que canta pra tu dormir e gritar pra acordar, te pergunta se ta tudo bem, ou se pode melhorar.

cheia de mania e de coisa, as vezes assim ela é, e é assim que a gente deve amar. ela toda, todinha, sem tirar nada, melhor por, é muito melhor por.

feliz dia oito de março de dois mile dezenone.